O Memorial da Resistência exibiu a partir da quarta-feira, 29 de novembro, o manto tupinambá tecido pela artista e ativista Glicéria Tupinambá junto à sua aldeia. O objeto, ente sagrado central da sociedade Tupinambá, integra a exposição MANTO EM MOVIMENTO, exposição documental que refaz o percurso da artista no seu reencontro com os mantos de seu povo, e se interconecta com a luta pela demarcação do território Tupinambá.
Como parte da exposição realizada pela Casa do Povo, em conjunto com o MAC-USP, o manto tupinambá tem circulado em diferentes espaços de cultura de São Paulo como uma ação de diplomacia do povo Tupinambá e símbolo de luta pelo direito à própria ancestralidade.
O manto tupinambá é vinculado ao mundo dos Encantados, entidades que habitam as matas e guiam o povo Tupinambá através de sonhos e visões. Objetos de valor espiritual e ritual, são tecidos com fibra de algodão, tucum, embebidos no mel, revestidos de penas de pássaro como o guará e a arara.
A convite do museu, Glicéria Tupinambá participou de uma roda de conversa aberta ao público sobre ancestralidade, direito à memória e território no dia 2 de dezembro. A artista é responsável por tecer, junto ao Povo Tupinambá da Serra do Padeiro, os três mantos que se relacionam diretamente aos produzidos por seu povo desde o período pré-colonial. Ao menos onze desses mantos estão em museus na Europa, mobilizando uma forte discussão a respeito do direito à memória e ao patrimônio.
O manto ficou exposto no museu até o dia 2 de dezembro.