Antônio Raymundo de Lucena
Nome completo
Antônio Raymundo de Lucena
Cronologia
1921-1970
Gênero
Masculino
Codinome
Doutor
Perfil histórico
Perfil de Atuação
Movimentos da causa operária | Organizações de esquerda | Partidos políticos
Assuntos: Organizações
Partido Comunista Brasileiro | Vanguarda Popular Revolucionária | Sindicato dos Metalúrgicos | Movimento Sindical
Biografia
Antônio Raymundo de Lucena nasceu em Colina, estado do Maranhão, no ano de 1921. Começou a trabalhar muito jovem, diversificando bastante suas atividades profissionais, dentre elas: eletricista, pedreiro, mestre de oficina mecânica, apontador e encarregado de uma pequena estatal e mestre de serraria. No início de 1950, acompanhado de sua esposa, mudou-se para São Paulo em busca de emprego. Logo que chegaram, Antônio e Damaris começaram a trabalhar como operários na Indústria Jafet S/A. Naquela época, o casal iniciou sua atividade política, com a filiação dele ao Sindicato dos Metalúrgicos e dela ao Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Fiação e Tecelagem. Aliados aos movimentos dos sindicalistas, participaram ativamente da campanha “O Petróleo é nosso”, em 1953. No ano seguinte, filiaram-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB). No período que esteve no PCB, Antônio ficou conhecido como “Doutor”. Com o golpe de 1964, as constantes perseguições resultaram no pedido de afastamento do partido, por tempo indeterminado. O retorno à militância política foi no ano de 1967 quando, com Damaris, passou a integrar os quadros que formariam a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Antônio foi morto no dia 20 de fevereiro de 1970, por volta das 15 horas, em sua residência. A versão dos órgãos da repressão afirma que Antônio foi morto com nove tiros, pela Polícia Militar da cidade de Atibaia. Em documentação do Departamento de Ordem Política e Social de São Paulo (DOPS/SP), assinada pelo delegado Alcides Singillo, consta que o comparecimento de policiais à sua residência teria sido em decorrência de um suposto roubo de veículo por parte de um de seus filhos e outro rapaz. A justificativa é que Antônio já saíra de casa atirando, o que levou à morte de um dos policiais. A reação nesse caso é colocada como defesa pelas agressões, sem nenhum conhecimento da militância política de Antônio. Contudo, conforme depoimentos de sua esposa, Damaris Oliveira Lucena, o pretexto utilizado pelos agentes de segurança para ir à sua casa não fazia sentido, já que seu filho mais velho, Ariston de Oliveira Lucena, estava fora há aproximadamente seis meses, despertando suspeita. Os policiais, então, mandaram chamar seu marido. Neste momento, ela pediu para que eles aguardassem, instante no qual voltou para casa e acordou Antônio, que dormia. Em seguida, tiros foram ouvidos. Após ser gravemente ferido, Antônio caiu ao lado do tanque, fora da casa, e recebeu um último tiro na têmpora, na presença da família. Damaris e os filhos foram presos. Em suas declarações, afirma ter sido violentamente torturada, em decorrência do sequestro do cônsul japonês Nobuo Okuchi, e depois banidos do Brasil até a Lei da Anistia de 1979. Anos após o crime, a Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos se dirigiu a Atibaia, e colheu depoimentos sobre a morte de Antônio Raymundo. Dentre eles, um policial afirmou que, após ter dado informações à imprensa, foi proibido pelo comando da Polícia Militar de comentar o que aconteceu na época. O laudo de exame de corpo de delito, feito no Instituto Médico-Legal de São Paulo (IML/SP) e assinado pelos médicos Frederico Idelfonso Marri Amaral e Orlando Brandão, além de afirmar que Antônio fora morto pela polícia, referiu-se a inúmeros ferimentos feitos por arma de fogo: nove de penetração e um de saída do projetil. Porém, nenhum tiro na cabeça, pescoço ou têmpora é indicado neste laudo. Em contrapartida, a foto encontrada do cadáver nos arquivos do Superior Tribunal Militar (STM), evidencia edemas no nariz e no olho esquerdo, além de escoriações e afundamento da testa. Em 1999, após ser impetrado processo disciplinar, sob denúncia do Grupo Tortura Nunca Mais, o médico Frederico Ildefonso Marri Amaral foi considerado culpado pela precariedade do laudo pericial, sumário e incompleto, pois não dava informações suficientes sobre ferimentos no crânio da vítima, o que atestaria a versão de sua esposa. A conclusão do processo evidencia que o laudo necroscópico foi preparado de forma inadequada, com o objetivo de acobertar a morte violenta de uma vítima que já estava ferida e impossibilitada de reagir, o que se caracteriza como execução sumária.
Assuntos: Eventos
Assuntos: Lugares
Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo | Cemitério Vila Formosa
Assuntos Temáticos
ATOS DE RESISTÊNCIA > APOIO À MILITANTES | ATOS DE RESISTÊNCIA > ATIVIDADE POLÍTICA CLANDESTINA | ATOS DE RESISTÊNCIA | CEMITÉRIOS E VALAS CLANDESTINAS > CEMITÉRIO DE VILA FORMOSA | CEMITÉRIOS E VALAS CLANDESTINAS | ATOS DE RESISTÊNCIA > CONTESTAÇÃO AO REGIME | DITADURA CIVIL - MILITAR NO BRASIL | ATOS DE RESISTÊNCIA > EPISÓDIOS DE RESISTÊNCIA | HISTÓRIA DO BRASIL | JUSTIÇA DE TRANSIÇÃO | MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS | ORGANIZAÇÕES E PARTIDOS POLÍTICOS | ÓRGÃOS DE REPRESSÃO POLÍTICA | ORGANIZAÇÕES E PARTIDOS POLÍTICOS > PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO | ORGANIZAÇÕES E PARTIDOS POLÍTICOS > PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO > PCB | ÓRGÃOS DE REPRESSÃO POLÍTICA > POLÍCIA MILITAR | ATOS DE RESISTÊNCIA > RESISTÊNCIA À DITADURA CIVIL-MILITAR | ORGANIZAÇÕES E PARTIDOS POLÍTICOS > VANGUARDA POPULAR REVOLUCIONÁRIA | VIOLAÇÃO DE DIREITOS HUMANOS | ORGANIZAÇÕES E PARTIDOS POLÍTICOS > VANGUARDA POPULAR REVOLUCIONÁRIA > VPR