Entrevista com Carlos Lichtsztejn
Título
Entrevista com Carlos Lichtsztejn
Código da entrevista
C078
Entrevistados
Data da entrevista
17/05/2014
Resumo da entrevista
O entrevistado versou sobre o contexto no qual estabeleceu sua militância relacionando-a ao momento histórico e a reestruturação de partidos e surgimento de organizações de esquerda que emergiram na segunda metade dos anos 1960 no Brasil. Em seu relato, menciona sua primeira prisão sofrida em 1968 durante participação no Congresso de Ibiúna e a segunda prisão efetuada em meados de 1969, quando atuava como membro de um Grupo Tático Armado da ALN. A respeito de sua ligação com o futebol - tema sobre o qual se pautou a entrevista - Carlos se auto intitulou corintiano fanático, apaixonado pelo esporte desde a infância, quando começou a participar ativamente da vida do Clube. Mesmo durante a militância exercida nos anos de ditadura, seu interesse pelo esporte permaneceu, acompanhando regularmente os jogos do seu time. Porém, durante a Copa de 1970, Carlos, que se encontrava no Presídio Tiradentes, optou em não assistir a nenhum dos jogos mesmo dispondo de um aparelho de TV. Tinha convicção de que o espetáculo futebolístico transmitido era promovido, sobretudo, para propagandear e identificar a população brasileira com a ditadura. Segundo análise de Carlos, a ditadura não tinha qualquer identificação com os símbolos populares, por isso aliou sua imagem ao futebol que representa, até hoje, um dos símbolos máximos da cultura popular brasileira estabelecendo, assim, um canal de comunicação entre o regime e o universo popular. Nesse sentido, Carlos não viu com bons olhos o fato de João Saldanha, um homem de esquerda e membro do Partido Comunista Brasileiro (PCB), ter aceito o convite para assumir o comando da seleção no dado momento político. Sobre o afastamento de João Saldanha do cargo, avaliou como sendo uma ação estratégica da ditadura, pois quando todo o trabalho técnico estava firmado e a seleção apresentava condições sólidas de vencer, os militares interviram e levaram somente o bônus da vitória com o título inédito de 1970.
Entrevistadores
Vanessa Gonçalves
Duração (minutos)
25
Operador de câmera
William Contini | Thiago Kater
Local da entrevista
Memorial da Resistência de São Paulo, São Paulo/SP
Como citar
Carlos Lichtsztejn. Entrevista realizada para exposição temporária “Política F.C. O futebol da ditadura”. Memorial da Resistência de São Paulo, entrevista concedida a Vanessa Gonçalves em 17/05/2014.
Assuntos Temáticos
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