Dados gerais
Título
Entrevista com Thais de Azevedo
Código da entrevista
C163
Entrevistados
Data da entrevista
20/07/2022
Resumo da entrevista
A entrevistada relata sobre sua infância no interior de Minas Gerais, a adolescência no Rio de Janeiro, onde foi estudar, e a descoberta da vida na cidade grande: o primeiro amigo homossexual, as fugas da escola pra passear e explorar a cidade, a Cinelândia como o lugar dos gays na noite do Rio de Janeiro e a violenta repressão policial. Contou também sobre sua vinda para São Paulo para trabalhar como manequim e vendedora da Shadow, localizada no Shopping Ibirapuera. Dessa experiência destaca a importância desse trabalho, mas a dificuldade de mantê-lo diante de sua transexualidade, avaliando que nessa época trabalhava muito e ganhava pouco em razão de não ser uma “mulher”. Thaís narra também como era a vida noturna de São Paulo, as diferenças com os gays, a concentração das travestis entre a Avenida Angélica e a Rua Minas Gerais, local onde começou a realizar programas. Faz uma reflexão sobre os primeiros movimentos gays, a ausência de espaço para as travestis, as questões de gênero e o preconceito racial. Sobre a violência policial contra as travestis, relata que, devido às perseguições constantes, elas não podiam ficar na rua, razão pela qual muitas delas exilaram-se na Europa. Explana sobre a vida na França e a valorização das travestis brasileiras na Europa por meio dos shows que realizavam. Conta ainda sobre os cursos realizados para o aperfeiçoamento do francês, sobre moda e na área da saúde. Destacando que, na Europa, conseguiu viver uma vida muito mais confortável e segura. Thaís de Azevedo voltou ao Brasil em 1997 quando conheceu o Pela Vida e a Brenda Lee, dedicada ao trabalho de cuidar das travestis com HIV/Aids. Nesse momento, reflete sobre a chegada da Aids no Brasil, midializada como “peste gay”, e a dificuldade de encontrar profissionais que atuassem no tratamento das travestis, razão pela qual Brenda Lee recebia recursos públicos para o atendimento dessa população em sua casa. Por fim, conta sobre o “pajubá” e sobre como é o funcionamento da ONG Grupo Pela Vidda no acolhimento, orientação e prevenção à Aids. Encerrou o seu testemunho com uma reflexão sobre a vida das travestis, a rejeição, a violência, o uso dos silicones e a prostituição como alternativa de sobrevivência.
Entrevistadores
Marcos Tolentino | Julia Gumieri
Duração (minutos)
78
Operador de câmera
Jamerson Lima
Local da entrevista
Memorial da Resistência de São Paulo
Como citar
AZEVEDO, Thais de. Entrevista sobre gênero, resistência e repressão durante a ditadura civil-militar. Entrevista concedida a Marcos Tolentino e Julia Gumieri em 20/07/2022 no Memorial da Resistência de São Paulo por meio do “Projeto Percursos Curatoriais Gênero e Ditadura” desenvolvido em parceria com o Acervo Bajubá.
Assuntos: Eventos
Assuntos: Lugares
Angu do Gomes | Bar Bola Preta | Cinelândia | Shopping Ibirapuera | Casa de Apoio Brenda Lee | Boca do Luxo | Boate Medieval | Rua Minas Gerais | Boate Nostro Mundo | Praça Ramos de Azevedo | Hospital Emilio Ribas