Desenvolvida pelo comunicador, realizador audiovisual e militante do Coletivo Negro Minervino de Oliveira, Thiago Cervan, a série áudio-documental de três episódios analisa a trajetória do jornal Jornegro, periódico criado e publicado durante o período da Ditadura Civil-Militar no Brasil.

Para refletir sobre a memória da Ditadura Militar, é importante reconhecer que a violência repressiva também afetou profundamente espaços de sociabilidade negra, como escolas de samba, bailes black e bairros majoritariamente negros. Nesse contexto, o Jornegro emerge como uma experiência significativa na denúncia das adversidades enfrentadas pela população negra brasileira na época.

O jornal, financiado através de assinantes, abordava debates sobre a violência racial, a representação do negro na televisão, e estratégias adotadas por negros em outros países para combater o racismo eram trazidas de maneira ativa e informativa.

Durante a Ditadura, a informação desempenhou um papel fundamental, não à toa parte significativa do conglomerado midiático da época foi beneficiada pelo regime, como é o caso da Rede Globo de Televisão. Desta forma, o projeto Jornegro busca demonstrar como a comunicação popular foi essencial na afirmação da negritude e na denúncia do racismo, podendo servir como referência para repensar uma comunicação que atenda aos interesses da classe trabalhadora brasileira, majoritariamente negra.

A série áudio-documental Jornegro é resultado da terceira edição do edital Memórias do Presente: Comunicação em Direitos Humanos, que teve como tema 60 anos do Golpe: Arquivos para a resistência.

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