Poeta, político e guerrilheiro, Marighella foi considerado o inimigo número 1 do regime militar
No dia 04 de novembro de 1969, o militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), Carlos Marighella, foi capturado e morto por agentes do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) em uma emboscada coordenada pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, em São Paulo. Político, guerrilheiro e poeta, Marighella viveu na pele dois regimes autoritários: o Estado Novo (1937-1945), de Getúlio Vargas, e a Ditadura Civil-Militar (1964-1985).
Nascido em Salvador (BA), filho de um Italiano e de uma descendente de escravizados, Marighella foi uma das pessoas mais importantes na luta por democracia no país. Foi preso pela primeira vez em 1932, após escrever um poema contendo críticas ao interventor Juracy Magalhães. Em 1936, filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) e teve sua primeira acusação de subversão na Ditadura Vargas, culminando em duas prisões seguidas de tortura, até ser libertado com benefício da anistia em 1945.
Após liberto, tornou-se deputado federal pela Bahia em 1946, mas com a ilegalidade do PCB decretada em 47 teve seu mandato cassado no ano seguinte. Já após o golpe de 64, em maio desse mesmo ano, Marighella foi baleado à queima-roupa no peito e preso dentro de um cinema localizado no bairro da Tijuca, Rio de Janeiro. Foi libertado em 1965, por decisão judicial, dando início ao processo de organização da luta armada.
Em fevereiro de 1968 fundou a ALN, organização responsável pelo sequestro do embaixador estadunidense Charles Elbrick em setembro de 1969, numa ação conjunta com o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) que teve como intuito promover a troca do embaixador pela liberdade de 15 presos políticos.
O legado do guerrilheiro será resgatado no próximo Sábado Resistente, através da exibição do filme Marighella, dirigido pelo Wagner Moura, e de uma conversa com o Mário Magalhães, autor da biografia Marighella: O guerrilheiro que incendiou o mundo.