Há 60 anos, no dia 31 de março de 1964, tropas eram deslocadas em direção ao Rio de Janeiro, sob comando do general Olímpio Mourão Filho, dando início a um golpe militar contra o então presidente, João Goulart. Com os militares no poder, a Constituição vigente é rasgada, e os direitos antes garantidos por ela, dizimados, permitindo assim as violações, torturas, assassinatos, perseguições e desaparecimentos de pessoas consideradas uma ameaça para o Regime.
Em 21 anos de controle e repressão, muitos ousaram lutar em nome da Democracia, e outros tantos, bastava a própria existência como afronta ao governo militar. Entre os que sobreviveram, a luta por Memória, Verdade e Justiça, bem como o fomento pela defesa da Democracia, dos Direitos Humanos e pela cultura da não-repetição segue pulsante e necessária mesmo 60 anos depois.
Durante o período ditatorial, no edifício onde hoje é o Memorial da Resistência operava o Deops/SP, polícia política que prendeu e torturou inúmeras pessoas. A partir da demanda dos ex-presos políticos, o Memorial da Resistência nasceu em 2009 com um propósito: não deixar que os crimes e violações dos Direitos Humanos cometidos durante a ditadura não sejam esquecidos.
Com o objetivo de preservar as memórias da Ditadura Civil-Militar (1964-1985), o Memorial da Resistência dedica a programação de abril às reflexões sobre o período.
Confira:
01 de abril
15h – 60 ANOS PÓS GOLPE MILITAR: Reflexão sobre o Brasil, democracia e Direitos Humanos
O Memorial da Resistência recebe o encontro 60 ANOS PÓS GOLPE-MILITAR: Reflexão sobre o Brasil, democracia e Direitos Humanos. Curadoria e mediação de Shellah Avellar, jornalista, escritora e expert em Gestão de Processos Comunicacionais. A mesa de debate buscará realizar uma discussão sobre os caminhos e os desafios rumo à uma verdadeira justiça de transição, além de tratar da urgência da reativação da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, e da reparação psíquica dos afetados pela Ditadura de 1964. Com a participação de: Adriano Diogo, Erico Lima Oliveira, Flávio de Leão Bastos, Dimitri Sales, Josafá Rehem, Odair Furtado.
A participação é gratuita e não precisa de inscrição.
06 de abril
10h e 14h30 | Lembrar é Resistir: Lugares de memória e Ditadura – Visita mediada “A memória preservada nas celas do Deops/SP”
Serão realizadas visitas mediada às antigas celas do Departamento Estadual de Ordem Política e Social (Deops/SP), exposição permanente do museu, como parte da programação Lembrar é Resistir: Lugares de memória e Ditadura. Na programação, lugares de memória farão diferentes atividades simultâneas vinculadas às memórias da Ditadura Civil-Militar (1964-1985).
10h | Abertura da exposição “SOL FULGURANTE: Arquivos de vida e resistência
A exposição “Sol Fulgurante: Arquivos de vida e resistência” tem curadoria de Lorraine Mendes e apresenta a Coleção Alípio Freire, doada ao Memorial da Resistência por Rita Sipahi.
Formada por obras de ex-presos políticos da Ditadura Civil-Militar, desenvolvidas durante os anos 1960 e 1970 nos presídios do Estado de São Paulo, a coleção se conecta com obras contemporâneas de outros acervos cedidos à Pinacoteca.
A mostra acontece no edifício que sediou até 1983 o Deops/SP — Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo, e hoje é ocupado pelo Memorial da Resistência de São Paulo e Estação Pinacoteca.
A abertura acontece nesse sábado, 06 de abril, às 11h, no 2° andar. Na ocasião, teremos também uma performance de Marcel Diogo: “Nem tudo que vai pra parede é obra de arte”.
14h | Sábado Resistente – SOL FULGURANTE: Arquivos de vida e resistência
O encontro parte da exposição “Sol Fulgurante: arquivos de vida e resistência”, em cartaz a partir do dia 06 de abril na Pinacoteca Estação, a fim de discutir os atravessamentos entre os acervos dessa instituição e do Memorial da Resistência.
13 de abril
[ADIADO] 10h – Curso com Instituto Bixiga | ANATOMIA DO GOLPE: Lutas e Resistências dos Trabalhadores frente à plataforma social, econômica e cultural imposta pela Ditadura Militar no Brasil (1964-1985)
Desenvolvido pelo Instituto Bixiga, o encontro busca expor e discutir criticamente a plataforma social, econômica e cultural e as principais “reformas” antipopulares impostas ao longo do período da Ditadura Militar no Brasil, assim como debater as formas de lutas e resistências empreendidas pela classe trabalhadora contra esse processo.
O curso será ministrado pelos professores Dra. Danielle Franco da Rocha, Dr. Edimilsom Peres Castilho, Dr. Eribelto Peres Castilho.
16h – Sarau da Resistência: Núcleo Macabéa
Atores e músicos da Núcleo Macabéa apresentam no espaço do Memorial da Resistência, no antigo espaço carcerário do Deops/SP, o Sarau da Resistência. Com música e leitura de poemas, serão homenageadas pessoas que resistiram ao período e que marcaram a luta em favor da democracia brasileira. A participação é gratuita e não precisa de inscrição.
24 de abril
10h – Colóquio Internacional | Direitos Humanos, Censura e Resistência na Literatura: Diálogos sobre Ditaduras Passadas e Presentes
Como parte da programação pública vinculada à exposição Ocupações Memorial: Resistências na PUC-SP, em cartaz no Memorial da Resistência, a proposta do Colóquio Internacional sobre Direitos Humanos, Censura e Resistência na Literatura tem como objetivo discutir sobre o papel da literatura frente às situações de censura e opressão, tanto nos momentos históricos do passado quanto da atualidade.
O evento ainda celebra os 50 anos da Revolução dos Cravos, movimento que aconteceu em Portugal, no dia 25 de abril de 1974, pondo fim a longa ditadura liderada por Antônio Salazar. Através desses diálogos, o colóquio busca ampliar o conhecimento sobre o papel da literatura como agente de resistência e defesa dos direitos fundamentais, em consonância com os desafios enfrentados nos tempos atuais.
A participação é gratuita e não precisa de inscrição.
26 de abril
14h – Resistência no cárcere: roda de conversa com MC KRIC CRUZ
A roda de conversa apresenta Cláudio Cruz, conhecido no universo artístico por MC Kric.
Kric é egresso do sistema carcerário e foi mantido na condição de preso comum durante parte do período da Ditadura. Obteve assim, passagem por diversos locais de encarceramento em São Paulo, incluindo o Deops/SP, convivendo, neste contexto, com presos políticos e agentes da repressão. Na roda de conversa, Kric abordará com o público sua história de vida a fim de refletir sobre direitos humanos no sistema penal e carcerário brasileiro.
A participação é gratuita e não precisa de inscrição.
27 de abril
10h – Resistências na PUC-SP — Ditadura Militar: Passado e Presente
Como parte da programação pública vinculada à exposição “Ocupações Memorial: Resistências na PUC-SP”, em cartaz no Memorial, o encontro abordará a atuação da Comissão da Verdade “Reitora Nadir Gouvêa Kfouri”, criada na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo em 2013, e o papel de alguns participantes no processo que conduziu ao golpe civil-militar em 1964, destacando especialmente a imprensa, a opinião pública e os militares.
A participação é gratuita e não precisa de inscrição.