Dados gerais
Nome completo
Ezequias Bezerra da Rocha
Cronologia
1944-1972
Gênero
Masculino
Perfil histórico
Mortos e desaparecidos políticos | Perseguidos políticos | Presos políticos
Profissão
Perfil de Atuação
Assuntos: Organizações
Partido Comunista Brasileiro | Partido Comunista Brasileiro Revolucionário
Biografia
Nascido em João Pessoa, na Paraíba, Ezequias se mudou para Recife e estudou na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde se formou em Geologia, no ano de 1968. Ezequias concluiu com dificuldades materiais o curso superior. Formado, foi admitido em várias empresas nas quais exerceu a profissão de geólogo. Trabalhou, ainda, como professor de matemática do Colégio de Freiras da Medalha Milagrosa, em Socorro (PE). Em 19 de junho de 1964, foi ouvido no Cartório da Delegacia Auxiliar, na cidade de Recife (PE), por ser sócio da Sociedade Cultural Pernambucana Brasil-União Soviética. No termo de declarações, afirmou apenas ter o desejo de aprender a língua russa e relatou não ter exercido atividades políticas nessa organização. Em dezembro de 1967, a Delegacia de Segurança Social concluiu inquérito instaurado contra Ezequias e outras pessoas que foram indiciadas por envolvimento em atividades do Comitê Universitário do Partido Comunista Brasileiro, entendidas como de natureza contrária à Lei de Segurança Nacional vigente. Documento da Delegacia de Segurança Social qualificou Ezequias como “um dos principais líderes do movimento esquerdista dentro da Escola de Geologia”; para fins de comprovação do alegado, teriam sido colecionados relatos de supostas participações em greves, passeatas e comícios no movimento estudantil. Ainda, de acordo com esse documento, Ezequias seria um “comunista convicto com base filosófica”. A despeito desses registros nos órgãos de segurança e de ser fichado no DOPS/PE, Ezequias Bezerra da Rocha não possuía militância ativa no Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), tendo sido definido, em vários depoimentos de militantes, apenas, como um simpatizante do partido. Ezequias era o proprietário do automóvel Volkswagen emprestado à Miriam Lopes Verbena, no dia 8 de março de 1972. Nessa ocasião e data, Miriam morreu, juntamente a seu marido, Luis Aberto Andrade Sá e Benevides, ambos militantes do PCBR, em um acidente automobilístico, cujas circunstâncias nunca foram totalmente esclarecidas. Por ser o proprietário do veículo conduzido pelo casal de militantes do partido, Ezequias foi associado pelos órgãos de segurança às ações do PCBR no Estado. Documento da Delegacia de Segurança Social registrou um Pedido de Busca no dia 10 de março de 1972, cujo assunto foi a “localização e captura de elemento subversivo”, em referência à Ezequias. Na madrugada do dia 11 de março de 1972, por volta de 1h00, Ezequias Bezerra da Rocha e sua esposa, Guilhermina Bezerra da Rocha, foram presos arbitrariamente pelo DOI do IV Exército, e ficaram sob custódia desse órgão. Dois meses depois, em 6 de junho de 1972, o delegado do DOPS/PE informou, em resposta ao habeas corpus impetrado em seu favor, que “o preso político Ezequias Bezerra da Rocha, havia se evadido e resgatado por elementos não identificados”. No entanto, em depoimento prestado após sua libertação da prisão, Guilhermina descreveu as torturas a que Ezequias foi submetido nas dependências do IV Exército e, além disso, afirmou que Ezequias pelo “estado físico em que o vi ele não tinha condições nem de matar uma mosca, quanto mais fugir ou tomar qualquer outra atitude. Eles mataram o meu querido Quias...”. No dia 12 de março de 1972, a Delegacia de Polícia do Município de Escada (PE) encaminhou ao Instituto de Medicina Legal do Recife, um corpo com características similares às de Ezequias Bezerra da Rocha, localizado na barragem do “Bambu”, no Engenho Massauassú, com sinais de tortura, com pés e mãos amarrados. Os familiares de Ezequias tomaram conhecimento desse fato pela imprensa e, mesmo com a constatação da semelhança entre as características físicas do corpo encontrado e o de Ezequias, foram impedidos pelos agentes dos órgãos policiais de retirar o cadáver, informados de que se referia a uma outra pessoa, já identificada. Somente em 1991, em trabalho realizado pela Comissão de Pesquisa e Levantamento dos Mortos e Desaparecidos Políticos, em Pernambuco, foi feita uma perícia datiloscópica em prontuário do DOPS/PE nas impressões digitais contidas nesse ofício na qual foi constatada que o corpo sonegado aos familiares era, de fato, o de Ezequias. A CEMVDHC (Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara) recebeu o Laudo Tanatoscópico e o ofício de remoção do corpo de Ezequias Bezerra da Rocha, encontrados em 12 de novembro de 2013, o qual descreve as inúmeras lesões no corpo de Ezequias, que atestam as torturas sofridas antes de sua morte e desaparecimento, além de desmontarem a falsa versão de fuga produzida pelos órgãos estatais de segurança.
Ano(s) de prisão
1972