Dados gerais
Nome completo
José Nobre Parente
Cronologia
1928-1966
Gênero
Masculino
Perfil histórico
Mortos e desaparecidos políticos | Perseguidos políticos | Presos políticos
Profissão
Perfil de Atuação
Assuntos: Organizações
Biografia
José Nobre Parente era casado com Francisca Cavalcanti Parente, com quem teve três filhas: Glede Bete, Ruth e Sara. Moravam em Fortaleza, no bairro Pan-Americano. José começou a trabalhar aos 12 anos como carpinteiro diarista e aos 18 anos, no ano de 1946, ingressou na Rede de Viação Cearense (RVC) em Fortaleza, pertencente à Rede Ferroviária Federal (RFFSA). Seu pai, Francisco, já trabalhava na empresa e influenciara outros membros da família a se tornarem ferroviários. José Parente começou exercendo a função de limpador. Em 1950, passou à função de foguista de terceira classe, chegando à foguista mensalista, em 1952. No ano de 1960, tornou-se mecânico-operador. No dia 17 de maio de 1966, José Nobre Parente foi preso em seu local de trabalho em decorrência de sua participação no movimento de sua categoria profissional, sendo levado para as dependências da Secretaria de Segurança Pública do estado do Ceará. Nessa mesma ocasião, outros ferroviários foram detidos sob a suspeita de fomentar atos de sabotagem pelo Serviço de Segurança da RFFSA. É importante ressaltar que os ferroviários no Brasil constituíam categoria bastante mobilizada e ampla, em decorrência da importância estratégica da ferrovia no sistema de transporte nacional, especialmente antes do impulso à indústria automobilística em 1956. De acordo com a edição do jornal Última Hora de 1º de junho de 1966, as prisões de operários da RVC foram realizadas de madrugada e os policiais agiram sem qualquer mandado de busca judicial. Parente foi preso pelo chefe da repartição, que acionou o Serviço de Segurança da empresa, à época comandada pelo capitão Manuel Nepomuceno de Assis, assessor direto do superintendente José Walter Cavalcante. De acordo com Nilton Almeida, a Polícia Ferroviária, ou Polícia dos Caminhos de Ferro, tinha forças de polícia especializada entre os anos de 1964 e 1985, podendo fazer uso da Lei de Segurança Nacional contra greves. No dia seguinte à sua prisão, a esposa de José Nobre, Francisca, foi visitá-lo e recebeu seus objetos pessoais: um anel, a aliança, o relógio e o cinto. No dia 19 de maio, com nova ida de Francisca ao presídio, o delegado solicitou ao carcereiro que fosse verificar se “o preso estava em condições de receber visitas” e voltou gritando que José Nobre estava morto. Parente, então com 38 anos, teria se enforcado com um cinto. A edição da Gazeta de Notícias datada de 22 de maio de 1966 questiona o motivo pelo qual Parente teria ficado com um cinto na cela, já que os presos “são obrigados a deixarem na permanência todos os seus objetos” e que, assim como os demais prisioneiros, José também se encontrava em regime de incomunicabilidade. A notícia termina com a pergunta: “E quem dará a resposta verdadeira do suicídio do funcionário da RVC?”. O jornal Última Hora de 26 de maio de 1966 afirmou que um parente teria autorizado a exumação de José Nobre Parente e que sua esposa afirmara que o marido tinha “uma grande pancada na cabeça”. Os familiares decidiram levar o corpo para o Instituto Médico Legal (IML). Durante o velório, o irmão da vítima, Valfredo, recebeu a certidão de óbito do IML, na qual constava causa de morte “fratura de crânio” e não asfixia mecânica. Valfredo levou o fato ao conhecimento de todos os presentes no velório e acabou sendo preso e tendo o documento do IML confiscado. Uma nova certidão foi emitida pelo Cartório Cysne, em 1970, e nela consta como causa da morte “asfixia mecânica por constrição do pescoço, enforcamento” e a data da morte como dia 20 de maio.
Ano(s) de prisão
1966
Tempo total de encarceramento (aprox.)
2 dias