Dados gerais
Nome completo
Juares Guimarães de Brito
Cronologia
1938-1970
Gênero
Masculino
Perfil histórico
Mortos e desaparecidos políticos | Perseguidos políticos | Presos políticos
Profissão
Perfil de Atuação
Movimentos da causa camponesa | Movimentos da causa operária | Organizações de esquerda | Partidos políticos
Assuntos: Organizações
Partido Trabalhista Brasileiro | Partido Comunista Brasileiro | Organização Revolucionária Marxista Política Operária | Comando de Libertação Nacional | Vanguarda Popular Revolucionária | Vanguarda Armada Revolucionária Palmares
Biografia
Juares Guimarães de Brito nasceu na cidade de Belo Horizonte (MG). Na infância, mudou-se para o Maranhão com a família, estado em que seu pai foi secretário de Agricultura. Morava em uma fazenda experimental de fruticultura, local que costumava apelidar de “paraíso”. Ao voltar para a capital mineira, concluiu seus estudos no Colégio Batista. Aos 24 anos, formou-se em Sociologia, Política e Administração Pública pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). No ano de 1962, Juares se casou com Maria do Carmo Brito. Era fascinado por cinema e militava na juventude do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Seu envolvimento político lhe proporcionou a oportunidade de organizar cursos de história e oratória em sindicatos. Dentre as manifestações que participou em Belo Horizonte, estavam a greve dos mineiros, em Nova Lima, e a da Liga Camponesa de Três Marias. Em 1963, foi viver em Goiânia (GO), onde passou a trabalhar como assessor em uma Secretaria do Estado, e como professor da Universidade Federal de Goiás (UFG). Em novembro de 1963, Juares foi preso com a esposa, durante as solenidades da fundação de um sindicato rural em Nazário (GO). Após esse evento foram demitidos. No ano seguinte, mudaram-se para Pernambuco e Juares passou a trabalhar como sociólogo da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). Após o golpe de 1964, Juares foi novamente preso e incluído em Inquérito Policial Militar sobre o Partido Comunista Brasileiro (PCB). Quando libertado foi viver no Rio de Janeiro com a família, retomando sua atuação de sociólogo e pesquisador. No campo político, foi um dos líderes da dissidência da Polop que, em 1968, organizou o Comando de Libertação Nacional (Colina), com ampla atuação em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro. Participou também da fusão da Colina com a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), que mais tarde originaria a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR – Palmares), organização em que atuaria como dirigente em 1969. No mesmo ano, a aliança foi desfeita e Juares passou a integrar os quadros da VPR refundada. Nesse período, sua casa foi invadida por policiais militares e o casal imergiu definitivamente na clandestinidade, tendo que interromper suas atividades profissionais. Por volta das 13 horas do dia 18 de abril de 1970, Juares e a esposa seguiam pela rua Jardim Botânico, ao encontro de Wellington Moreira Diniz. O militante já não havia se apresentado em reunião anterior, porém, apesar dos riscos, eles resolveram comparecer. Posteriormente, Maria do Carmo afirmaria que Wellington estava no local, mas muito abatido, e fez sinal para que não parassem. No retorno, na esquina entre as ruas General Tasso Fragoso e Jardim Botânico, o casal foi abordado por um Volkswagen vermelho. Irrompeu-se um intenso tiroteio. Juares, com o objetivo de não ser preso vivo, disparou contra seu ouvido direito, sendo, em seguida, atingido por diversos tiros desferidos pelos ocupantes do veículo. Na madrugada do dia 19, Maria do Carmo, presa no DOI/ CODI do I Exército, recebeu a notícia de que o marido tinha morrido no Hospital Souza Aguiar, no Rio de Janeiro. Matérias do Estado de Minas da época de sua morte registram que Juares e sua mulher foram sequestrados por “quatros homens armados com metralhadoras e pistolas” e que ele havia morrido após ser atingido por um tiro na cabeça e outro no braço. No laudo de exame cadavérico, os médicos-legistas Elias Freitas e Hygino Carvalho de Hércules afirmaram que a data de seu falecimento era 19 de abril, às 4h40, e declararam como causa da morte o ferimento pelo projétil de arma de fogo na cabeça. A confirmação do óbito pela Secretaria de Saúde também indica o dia 19 para sua morte, legitimando a versão de que ele não teria morrido logo em seguida ao tiroteio. O caso de Juares integra um quadro de ocorrências composto por aqueles que, ao negarem ser presos arbitrariamente, cometeram suicídio na iminência da prisão. Seu corpo foi sepultado no Cemitério do Bonfim, na sua cidade natal, em 21 de abril de 1970.
Ano(s) de prisão
1963 | 1964