Dados gerais
Nome completo
Lúcio Petit da Silva
Cronologia
1943-1974
Gênero
Masculino
Codinome
Beto
Perfil histórico
Familiares de mortos e desaparecidos políticos | Mortos e desaparecidos políticos | Perseguidos políticos | Presos políticos
Profissão
Perfil de Atuação
Movimento estudantil | Organizações de esquerda | Partidos políticos
Assuntos: Organizações
União Nacional dos Estudantes | Centro Popular de Cultura | Partido Comunista do Brasil
Biografia
Natural de Piratininga (SP), perdeu o pai muito jovem, razão que o levou a trabalhar desde cedo para ajudar a mãe e os dois irmãos mais novos: Maria Lúcia e Jaime, ambos mortos durante a Guerrilha do Araguaia. Mudou-se várias vezes de cidade e cursou o ensino fundamental entre Amparo (SP) e Duartina (SP). Acatando a preocupação familiar de dar continuidade aos estudos foi morar com um tio em Itajubá (MG), no intuito de concluir o ensino médio que o possibilitou ingressar no curso superior do Instituto Eletrotécnico de Engenharia. Nesse período, começou sua militância estudantil, se tornou membro do diretório acadêmico de sua faculdade e foi responsável pelo do setor de cultura da entidade. Participou das atividades culturais propostas pela União Nacional dos Estudantes (UNE) por meio do Centro Popular de Cultura (CPC). Engajado na luta pela igualdade social escreveu diversos poemas e crônicas sobre os problemas sociais brasileiros para o jornal O Dínamo, do diretório acadêmico de sua faculdade. Em 1965, em São Paulo, já formado em engenharia, exerceu atividade como engenheiro nas companhias Light, Engemix e Nativa, em Campinas (SP). Por conta das perseguições à sua militância política, em meados de 1970, deixou seu trabalho na cidade e seguiu para a região sudeste do Pará, local escolhido pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB) para iniciar a Guerrilha. No campo, tornou-se um excelente mateiro e, segundo os moradores daquela região, fez vários poemas e literatura de cordel que eram recitados durante as sessões de terecô (manifestação religiosa local). Passou a usar o nome de Beto, tornou-se vice-comandante do Destacamento A, após a morte do comandante André Grabois. São diversas as informações sobre as circunstâncias de seu desaparecimento. Conforme consta no Relatório Arroyo, foi visto pela última vez com Antônio de Pádua Costa e Antônio Alfaiate, em 14 de janeiro de 1974, após confronto com os militares. Mas, segundo depoimento prestado em 2001 ao Ministério Público Federal, por Margarida Ferreira Félix, em 21 de abril de 1974, os últimos guerrilheiros sobreviventes foram presos na casa de Manezinho das Duas, e que estes embarcaram vivos em helicóptero do Exército. Eram eles: Beto (Lucio Petit da Silva), Antônio (Antônio Ferreira Pinto) e Valdir (Uirassu de Assis Batista). Em depoimento ao MPF em 6 de julho de 2001, Antônio Félix da Silva também confirma esta versão. De acordo com o relato do jornalista Leonencio Nossa, no livro Mata! O major Curió e as guerrilhas do Araguaia, baseado em depoimentos de Sebastião Rodrigues de Moura, o major Curió, “Os guerrilheiros foram transportados de helicóptero para a Bacaba. Foram vistos no desembarque por Adalgisa e duas filhas - mulheres de agricultores eram levadas para as bases, onde cozinhavam e faziam serviços de limpeza sem remuneração. Muitas vezes eram violentadas por soldados. Adalgisa lembra que Valdir [Uirassu de Assis Batista] assobiava, cantava e pulava – estava com as pernas tombadas pelas feridas da leishmaniose. […] Alfaiate e Valdir foram mortos uma semana depois na Clareira do Cabo Rosa. Beto [Lucio Petit da Silva] ficou mais tempo vivo. Foi interrogado pelo general Bandeira”. Em contraposição aos depoimentos, o Relatório do Ministério da Marinha, de 1993, confirma a morte de Lucio Petit em março de 1974. Já o Relatório do CIE, do Ministério do Exército determina como data de morte o dia 28 de abril de 1974, 7 dias depois da data de prisão referida pelos moradores da região. Ainda segundo dados do Arquivo Curió, disponíveis no livro Documentos do SNI: os mortos e desaparecidos na Guerrilha do Araguaia, Lucio foi preso e executado em 2 de maio de 1974. Uma versão completamente diferente está presente no processo da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos. Na sua certidão de óbito consta como data de morte o dia 29 de novembro de 1973, mesma data que aparece no relatório do Ministério do Exército, entregue ao ministro da Justiça Maurício Correa em 1993. Em 2010, a Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) condenou o Brasil pela desaparição de 62 pessoas na região do Araguaia no caso Gomes Lund e outros (“Guerrilha do Araguaia”) vs. Brasil, entre elas está Lucio.
Ano(s) de prisão
1974
Nome do familiar morto e/ou desaparecido
Maria Lúcia Petit da Silva | Jaime Petit da Silva