Dados gerais
Nome completo
Luiz Antônio Santa Bárbara
Cronologia
1946-1971
Gênero
Masculino
Codinome
Professor Roberto
Perfil histórico
Mortos e desaparecidos políticos | Perseguidos políticos | Presos políticos
Profissão
Professor > Alfabetização de Adultos | Estudante | Tipógrafo
Perfil de Atuação
Movimento estudantil | Organizações de esquerda | Partidos políticos
Assuntos: Organizações
Movimento Revolucionário 8 de Outubro | Partido Comunista Brasileiro
Biografia
Luiz Antônio Santa Barbára nasceu em Inhambupe (BA). Quando Luiz Antônio tinha cinco anos, foi com seus pais e irmãos morar em Feira de Santana (BA). Aos 14 anos passou a trabalhar como aprendiz de tipógrafo no jornal Gazeta do Povo, dirigido por um major da reserva conhecido como “Jandiroba”. Nessa época, Luiz Antônio já estava engajado em mobilizações de estudantes, primeiro no Ginásio Municipal de Feira de Santana, depois no Colégio Estadual de Feira de Santana (BA), onde presidiu o grêmio estudantil “Arlindo Barbosa”. Em 1966, aos 20 anos, passou a trabalhar como auxiliar de tipografia no jornal Folha do Norte, e aproveitava para imprimir panfletos do movimento estudantil. Já era militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB), em 1969, quando foi preso junto com outros companheiros, em meio a uma manifestação de estudantes. Ficou incomunicável por quatro dias no 35º Batalhão de Infantaria de Feira de Santana (BA). Após a primeira prisão, continuou a ser monitorado e perseguido pelos órgãos da repressão. Percebeu que o cerco estava se fechando quando seu pai e um de seus irmãos foram detidos. Em função de divergências políticas, rompeu posteriormente com o PCB e passou a militar no Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), indo para Buriti Cristalino, em Brotas de Macaúbas (BA) fomentar a implantação de uma guerrilha rural na região. Chegou à região como “professor Roberto” e hospedou-se na casa de José de Araújo Barreto, pai de Zequinha, Otoniel e Olderico Campos Barreto. Luiz buscou se integrar à vida local, dando aulas de alfabetização para crianças e adultos. O “professor Roberto” montou, ainda, uma peça de teatro sobre a pobreza da população local e a exigência de pagamento de tributos, imposta a todos os agricultores, mesmo àqueles que não tinham título de propriedade. Carlos Lamarca ajudou a escrever o roteiro da peça, que foi encenada pelas crianças da localidade. Luiz Antônio Santa Barbára foi morto em agosto de 1971, aos 24 anos, na Operação Pajussara, montada pelas forças de segurança para capturar e eliminar o líder guerrilheiro Lamarca no sertão baiano. .A versão apresentada à época pelos órgãos de repressão seria de que Luiz Antônio teria se suicidado com um tiro no próprio ouvido durante o cerco da polícia à Fazenda Buriti, quando soube da morte de seu companheiro Otoniel Barreto. Outra versão divulgada pelos órgãos de repressão é a de que ele teria morrido em um tiroteio, quando as forças policiais ainda não haviam assumido o controle total da área. No laudo de necropsia, de 29 de agosto de 1971, consta que o jovem foi “abatido quando reagira à bala contra a equipe encarregada de capturá-lo […], em operação realizada sob a coordenação CODI/6, conforme ofício […] produzido pelo Departamento de Polícia Federal”. Essa informação, registrando a falsa versão de morte em troca de tiros, conforme notícia publicada na Folha de S.Paulo em 15 de julho de 1996, já constava de documento assinado pelo coronel Luiz Arthur de Carvalho, então diretor da Polícia Federal na Bahia e integrante do Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) da 6ª Região Militar, que encaminhou os corpos à perícia no Instituto Médico-Legal (IML). Porém, a partir do relatório da Operação Pajussara evidencia que a operação contou com diversos serviços de informações do Exército, da Marinha, da Aeronáutica, Polícias Militares, Polícia Federal e Polícias Civis, constituindo-se em uma operação de guerra que esperava encontrar na região um foco de guerrilha coordenado pelo ex-capitão Carlos Lamarca. A primeira fase da operação, desenvolvida durante a madrugada, encontrou seis pessoas dormindo na casa da família Campos Barreto. O primeiro a ser morto foi Otoniel, atingido ao tentar impedir que seu pai, José de Araújo Barreto, de 64 anos, continuasse a ser torturado pelos policiais. Depois, Luiz Antônio Santa Barbára foi assassinado dentro da casa da família Barreto. Olival Barreto, que à época tinha 11 anos, escondeu-se debaixo da cama do quarto junto com Jorge Tadeu, 16 anos, quando da invasão dos agentes à sua casa, e ambos presenciaram a morte de Luiz Antônio Santa Bárbara. Entre 1969 e 1971, os pais de Luiz Antônio haviam ficado sem notícias do filho primogênito. Em agosto daquele ano, receberam, pela imprensa – como o Jornal da Tarde, entre outros –, a informação de que o filho havia sido morto na Fazenda Buriti Cristalino, em Brotas de Macaúbas. Depois de muita insistência, conseguiram autorização para ver o corpo do filho. Em depoimento, Maria descreveu que Luiz Antônio tinha a mão perfurada à bala e disse não acreditar na versão oficial sobre suicídio. O pai, Deraldino, ao ver o corpo, disse: “Olha, meu filho ou […] foi assassinado de surpresa ou ele se rendeu, porque a perfuração da bala foi de frente pra trás, entrou na palma da mão e saiu nas costas da mão”. Os restos mortais de Luiz Antônio Santa Barbára foram enterrados no cemitério Piedade, em Feira de Santana (BA).
Ano(s) de prisão
1969
Tempo total de encarceramento (aprox.)
4 dias