Dados gerais
Nome completo
Mónica Suzana Pinus de Binstock
Cronologia
1953-1980
Gênero
Feminino
Codinome
Maria Cristina Aguirre de Prinssot
Perfil histórico
Mortos e desaparecidos políticos | Perseguidos políticos | Presos políticos
Perfil de Atuação
Assuntos: Organizações
Biografia
Mónica Suzana Pinus de Binstock nasceu em Buenos Aires, capital da Argentina. Era casada com Edgardo Ignacio Binstock e possuíam dois filhos – Miguel Francisco e Ana Victoria. Desde 1970, Mónica atuava como militante da organização de luta armada Montoneros e da Juventude Peronista. Na Montoneros, em 1980, exercia a função de assistente do secretário militar Horacio Domingos Campiglia. Em 1975, pouco antes da instalação da ditadura militar argentina, Mónica foi baleada em um confronto com um grupo ligado à Aliança Anticomunista Argentina – conhecida como Triple A. Foi levada para o hospital de onde foi sequestrada e submetida à tortura. Com a intensificação das perseguições políticas, especialmente após o golpe militar argentino em 1976, Mónica e Edgardo decidiram viver exilados em Cuba e, posteriormente, no México. Em 1980 resolvem morar no Brasil e, para não serem identificados como militantes políticos, decidiram viajar em momentos diferentes com documentos falsos. Edgardo foi o primeiro a realizar a viagem e se instalar no Rio de Janeiro. Mónica e Horacio Campiglia desembarcaram no Rio de Janeiro no dia 12 de março de 1980 com passaportes falsos identificados como Maria Cristina Aguirre de Prinssot e Jorge Piñero e foram capturados pelo Batalhão 601 – tropa de elite do serviço de inteligência do Exército argentino, braço operacional da Operação Condor no país – com o auxílio de forças repressivas brasileiras. Foram levados para a Argentina no Hércules C-130 que trouxera a tropa de elite argentina. Edgardo Binstock conta que, passados três dias desde o embarque de Mónica no México, decidiu retornar ao México para denunciar o desaparecimento de Mónica e Horacio, entrou em contato com diversos militantes montoneros na tentativa de obter qualquer informação sobre a dupla. A operação arquitetada para prender a dupla é relatada em documento desclassificado do Departamento de Estado norte-americano datado de 7 de abril de 1980 e enviado à Embaixada dos Estados Unidos em Buenos Aires pelo oficial de segurança regional, Regional Security Officer (RSO) James J. Blystone. O documento informa que “(o)s dois montoneros do México foram capturados vivos e devolvidos à Argentina a bordo do C-130”. Ainda de acordo com o agente norte-americano, Mónica Binstock e Horácio Campiglia foram levados para El Campito, centro clandestino de detenção do quartel de Campo de Mayo, na capital. Em 25 de março de 2014, o coronel Paulo Malhães fez revelações sobre operação militar desenvolvida por Brasil e Argentina no final da década de 1970 e início da década de 1980, à qual se referiu como Operação Gringo. Durante seu depoimento à CNV, informou que os repressores argentinos iniciaram as buscas por “subversivos” argentinos em território nacional e contaram com a colaboração de todo o efetivo de agentes do CIE do Rio de Janeiro. O ex-analista do DOI-CODI do II Exército, Marival Chaves Dias do Canto, durante seu depoimento à CNV, em 7 de fevereiro de 2014, apresentou explicações adicionais acerca da montagem e da organização da Operação Gringo e revelou que o responsável em Brasília pelo “controle” do agente infiltrado de codinome “Gringo” era o sargento Jacy Ochsendorf. Sob a chefia do coronel José Antônio Nogueira Belham, Jacy Ochsendorf integrou a subseção do CIE responsável por “agentes especiais” de 1978 a 1981. Ao longo desse período, três cidadãos argentinos desapareceram no Brasil (Norberto Habegger, Horacio Domingo Campiglia e Mónica Suzana Pinus de Binstock) e dois outros (Liliana Inés Goldenberg e Eduardo Gonzalo Escabosa) cometeram suicídio na eminência de serem presos na fronteira entre os dois países. A Comissão Nacional da Verdade entendeu que Mónica Suzana Pinus de Binstock foi vítima das práticas ilegais e arbitrárias conduzidas por agentes do Estado brasileiro em conexão com forças repressivas do Estado argentino, em um contexto de sistemáticas violações de direitos humanos promovidas pelas ditaduras implantadas no Cone Sul. Seu desaparecimento deve ser inserido no âmbito da coordenação repressiva denominada Operação Condor.
Ano(s) de prisão
1980