Dados gerais
Título
Entrevista com Gretta Star
Código da entrevista
C194
Entrevistados
Data da entrevista
16/01/2024
Resumo da entrevista
A entrevistada relata sobre sua infância em Santos (SP), em uma família de certo prestígio social na cidade, devido à atuação profissional de seu pai como farmacêutico. Conta que, por ser uma criança afeminada, gerava comentários entre seus familiares e na escola, mas que sempre se utilizou do humor como resposta. Relata que durante sua infância e sua adolescência não compreendia o que acontecia politicamente no país, sabia apenas que as coisas não estavam bem devido às conversas sobre política que escutava em sua casa. Narra dois episódios que ajudaram a construir sua percepção sobre a ditadura: o desaparecimento por alguns anos de um primo que era do Exército e uma vez em que, já morando em São Paulo, precisou passar a noite no banco em que trabalhava devido a um operativo policial. Relata que aos 18 anos de idade fugiu para São Paulo de onde partiu para Brasília. Nesse processo, conviveu com outras travestis e iniciou a sua transição de gênero e sua carreira na arte do transformismo. Com a ajuda de um amigo, retornou a Santos, sendo acolhida por seus familiares. Em 1974, mudou-se para São Paulo para fazer faculdade e morar com seu padrinho. Relata suas descobertas em São Paulo nesse momento, como, por exemplo, a casa noturna Medieval. Três anos depois, ela abandonou a faculdade e voltou para Santos, onde fez carreira na casa noturna Pink Panther. Ela relata as diferenças entre a Pink Panther e a cena da Boca do Lixo de Santos, assim como a presença da Censura Federal que avaliava e autorizava os shows. Entre 1985 e 1989, ela viveu no Japão, apresentando-se em distintos países do Leste Asiático. Ao retorna ao Brasil, estabeleceu-se em São Paulo, apresentando-se em distintas casas noturnas. Ela relata o cotidiano dessas casas, as relações entre as artistas e com empregadores. Conta sobre os efeitos da epidemia de HIV/Aids em seu entorno social, relembrando, sobretudo, artistas do transformismo e bailarinos que faleceram. Na década de 1990, descobriu que viva com HIV, tornando pública a sua sorologia durante um show na casa noturna Blue Space. Ela conta sobre a sua amizade com outras artistas que também vivem com HIV e que foram acolhidas por ela. Nos anos 2000, ela envolveu-se nas Paradas do Orgulho LGBT de São Paulo, até tornar-se tesoureira da Associação da Parada do Orgulho LGBT. Além disso, ela narra o seu envolvimento na Casa Florescer e no Projeto Reinserção Social TransCidadania, da Prefeitura de São Paulo.
Entrevistadores
Angel Natan, Lufer Sattui Mejia e Julia Gumieri
Duração (minutos)
195
Operador de câmera
Nael Souza
Local da entrevista
Memorial da Resistência de São Paulo
Como citar
STAR, Gretta. Entrevista sobre gênero, resistência e repressão durante a ditadura civil-militar. Memorial da Resistência de São Paulo. Entrevista concedida a Angel Natan, Lufer Sattui Mejia e Julia Gumieri, em 16/01/2024, por meio da parceria com o Acervo Bajubá.
Assuntos: Eventos
Assuntos: Lugares
Theatro Municipal | Boca do Lixo | Boate Pink Panther | Boca do Luxo | Praça Patriarca | Theatro Municipal | Boate Nostro Mundo | Boate Pink Panther | Boate Medieval | Praça Patriarca | Galeria Metrópole | Boate Nostro Mundo | Boate Medieval | Galeria Metrópole | Boate Prohibidu's