Dados gerais
Título
Entrevista com Neon Cunha
Código da entrevista
C164
Entrevistados
Data da entrevista
27/07/2022
Resumo da entrevista
A entrevistada inicia seu testemunho contando sobre sua origem mineira em uma família grande e migrante que parte para São Bernardo do Campo em busca de melhores condições de vida. Neon conta que, com apenas dois anos e meio, já se via como uma menina e que essa foi uma questão problemática na sua relação com o pai, que não aceitava que ela fosse uma menina, e com a sua avó paterna, que não queria uma pessoa preta na família. Por esses embates Neon diz já se entender, desde muito nova, como uma pessoa preta e, na sequência, como trans. A entrevistada destaca a importância do papel da mãe em sua vida, que inclusive a levava ao trabalho, cuidando para que Neon não ficasse em casa apanhando do pai. Destaca a infância na periferia, o ambiente opressivo na casa, na família, na escola, no bairro e na vizinhança, enfrentando diversas situações de racismo e assédios sexuais. Ingressou no Círculo Amigos e Meninos Patrulheiros, trabalhou numa indústria química, no Paço Municipal de São Bernardo e no gabinete do prefeito. Destaca o Candomblé como papel importante na sua vida desde criança. Narra como conheceu o centro de São Paulo, a Boca do Lixo e a Boca do Luxo, e a rivalidade entre michês, gays e travestis na noite paulistana. Sobre a violência policial contra a travestis, lembrou das operações para expulsá-las das ruas, as negociações com os policiais a fim de não serem presas e os assassinatos de algumas travestis. Refletiu sobre o isolamento, o medo e a rejeição que acompanham o HIV, a chegada do silicone, a mudança no padrão das travestis e abordou brevemente a objetificação e a desumanização que enfrentam. Termina seu testemunho com uma reflexão sobre o racismo, observando que mulheres travestis brancas têm melhor colocação no mercado de trabalho do que as mulheres pretas cis e Travestis.
Entrevistadores
Marcos Tolentino | Julia Gumieri
Duração (minutos)
140
Operador de câmera
Jamerson Lima
Local da entrevista
Memorial da Resistência de São Paulo
Como citar
CUNHA, Neon. Entrevista sobre gênero, resistência e repressão durante a ditadura civil-militar. Entrevista concedida a Marcos Tolentino e Julia Gumieri em 27/07/2022 no Memorial da Resistência de São Paulo por meio do “Projeto Percursos Curatoriais Gênero e Ditadura” desenvolvido em parceria com o Acervo Bajubá.
Assuntos: Eventos
Assuntos: Lugares
Praça do Paço Municipal de São Bernardo do Campo | Praça da República | Boate Nostro Mundo | Boate Medieval | Boate Corintho | Boca do Luxo | Boca do Lixo | Bar Vegas Club | Boate Homo Sapiens | Boate Nation | Boate Madame Satã | Praça Rotary | Boate Val Improviso | Boate Val Show | Praça Roosevelt | Boate Prohibidu's