Dados gerais
Título
Entrevista com Rita Cadillac
Código da entrevista
C186
Entrevistados
Data da entrevista
15/07/2022
Resumo da entrevista
A entrevistada inicia seu relato contando sobre a infância no bairro da Lapa, no centro do Rio de Janeiro. Relata as atividades políticas da avó paterna, Regina Dessa, que a enviou para um internato na adolescência, como forma de proteção. Lembra do funcionamento do Quartel-General da Polícia Militar, localizado em frente ao prédio onde vivia. Também narra a presença constante da polícia em seu dia a dia em São Paulo. Conta que, em 1971, separou-se do pai de seu filho e passou a dedicar-se à carreira artística, viajando com a companhia de Haroldo Costa por diversos países, até retornar ao Brasil, quando foi aprovada em um teste para o programa do Chacrinha. Descreve a presença da censura nos estúdios de gravação e suas experiências com a fiscal Solange Hernandes. Fala sobre a rotina de gravações e como surgiu o nome Rita Cadillac, refletindo ainda sobre sua relação com o início da fama e o significado de ser uma chacrete. Recorda como começou a se apresentar em presídios de São Paulo, como a Casa de Detenção, e analisa as diferentes percepções sobre o processo de abertura política, tanto no âmbito privado quanto na cena pública, em que, por ser dançarina de televisão, era associada à prostituição. Relata as novas possibilidades profissionais que surgiram a partir de seu trabalho como chacrete, incluindo participações no cinema, na música e em revistas masculinas. Compartilha vivências em São Paulo nos últimos anos da ditadura e a sensação de liberdade que experimentou nesse contexto. Lembra das turnês realizadas com o programa do Chacrinha, bem como de suas primeiras memórias da epidemia de HIV e Aids e de seu envolvimento no cuidado com pessoas próximas adoecidas pelo vírus. Também fala sobre sua relação com a noite homossexual paulistana e com a arte transformista. Narra como iniciou os shows em presídios no Rio de Janeiro e em São Paulo, tornando-se madrinha da Comissão de Internos da Casa de Detenção. Recorda o impacto do Massacre do Carandiru, em 1992, e o significado de ter participado do filme Carandiru, em 2003. Destaca a importância de pautar, aos 60 anos, debates sobre a sexualidade feminina. Fala sobre suas lembranças do programa do Chacrinha e finaliza a entrevista refletindo sobre o valor de registrar suas memórias.
Entrevistadores
Marcos Tolentino e Vanessa Miyashiro
Duração (minutos)
97
Operador de câmera
Vitor Bacillieri
Local da entrevista
Memorial da Resistência
Como citar
Cadillac, Rita. Entrevista sobre gênero, resistência e repressão durante a ditadura civil-militar. Memorial da Resistência de São Paulo. Entrevista concedida a Marcos Tolentino e Vanessa Miyashiro, em 15/07/2022, por meio da parceria com o Acervo Bajubá.
Assuntos: Lugares
Complexo Penitenciário do Carandiru | Largo do Arouche | Boca do Lixo | Cinelandia


