Entrevista com Mario Mendes

Resumo da entrevista

O entrevistado inicia seu relato falando sobre a infância em São Paulo, nos bairros do Bom Retiro e Pompéia, e em Guarulhos. Recorda suas percepções sobre as transformações na cidade, sobretudo a partir da construção do Minhocão. Menciona o envolvimento de seu pai com o PCB e a influência dele no consumo de literatura, música e cinema em casa, assim como a presença da cultura amazonense trazida por sua mãe. Lembra das conversas familiares sobre a ditadura e da constante presença policial em seu cotidiano. Relata a experiência de assistir a filmes censurados durante a ditadura no contexto da abertura política e os espaços de São Paulo que exibiam essas produções. Reflete também sobre episódios de preconceito racial que presenciou no período. Em 1978, ingressou no curso de Jornalismo da Universidade de São Paulo (USP) e descreve o clima político na universidade no final dos anos 1970. Conta que, ao entrar para a redação da revista Interview, passou a frequentar espaços de sociabilidade homossexual, como as boates Medieval, Val Improviso e Homo Sapiens. Descreve como funcionavam esses locais e as práticas de sociabilidade dos homens gays no centro de São Paulo, além de relembrar as batidas policiais no Largo do Arouche nos anos 1980. Narra a efervescência cultural e a mudança de costumes resultantes do processo de liberação sexual vivido no Brasil e no exterior a partir do final dos anos 1960. Fala de sua relação com o grupo Somos, com o jornal Lampião da Esquina e com o Movimento Negro Unificado. Reflete ainda sobre o significado do fim da ditadura em sua trajetória.

Recorda que teve conhecimento da epidemia de HIV/Aids pela primeira vez em 1980, quando chegavam malotes de notícias de Nova York à redação da Interview. Relata os efeitos da epidemia na vivência de sua sexualidade e no acompanhamento de amigos que adoeceram em decorrência do HIV. Reflete também sobre o papel da imprensa na forma como a epidemia foi divulgada. Finaliza a entrevista ressaltando a importância de registrar suas memórias.