Dados gerais
Nome completo
Joaquim Pires Cerveira
Cronologia
1923-1973
Gênero
Masculino
Codinome
Walter de Souza | Moura Duarte
Perfil histórico
Mortos e desaparecidos políticos | Perseguidos políticos | Presos políticos
Perfil de Atuação
Assuntos: Organizações
Frente de Libertação Nacional | Movimento Revolucionário 26 de Março | Partido Comunista Brasileiro | Partido Trabalhista Brasileiro
Biografia
Gaúcho de Pelotas, Joaquim Pires Cerveira era de uma família de militares. Órfão de pai aos sete anos, foi enviado com os quatro irmãos para estudar em regime de internato no Colégio Militar de Porto Alegre, de onde saiu como aspirante para servir em São Luiz Gonzaga, no noroeste do Rio Grande do Sul. Cursou a Academia Militar de Agulhas Negras (AMAN) e chegou a major da Cavalaria do Exército Brasileiro. Dominava os idiomas inglês, francês, alemão e japonês. Iniciou sua militância política aos 13 anos, quando se filiou ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) logo após a derrubada do Estado Novo. No começo dos anos 1950, engajou-se nas mobilizações nacionalistas e, em 1955, participou da campanha presidencial do Marechal Henrique Lott. Mudou com a família para Curitiba e, então licenciado do Exército, foi eleito vereador pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) em 1963. Devido aos seus vínculos políticos com Leonel Brizola e seu alinhamento com o Nacionalismo Revolucionário, teve o seu mandato cassado após o golpe de 1964, com os seus direitos políticos suspensos por dez anos. Foi colocado na reserva do Exército pelo primeiro Ato Institucional, de 9 de abril de 1964. Em 1965, refugiou-se no Rio de Janeiro. Documentos do DOPS-SP comprovam que, em 21 de outubro de 1965, Joaquim Cerveira foi preso, encaminhado à 5ª Região Militar e entregue ao coronel José Fragomeni. Em 1968, com o acirramento da repressão política, a família de Cerveira passou a ser perseguida e a casa em Curitiba foi invadida e saqueada diversas vezes. Frente a isso, Cerveira encaminhou ao Superior Tribunal Militar um “Habeas Corpus Preventivo Urgente” em que solicitou a proteção de sua família e denunciou os maus tratos desprendidos à mesma por agentes do DOPS/PR. Em Curitiba, sua esposa foi presa sem acusação e seus filhos foram humilhados e agredidos fisicamente nas invasões e saques domiciliares realizados por equipes do DOPS/PR. Em 1970, Cerveira passou a atuar na clandestinidade e tornou-se membro da Frente de Libertação Nacional (FLN). Pertenceu também ao Movimento Revolucionário 26 de Março e manteve contatos com outras organizações como a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) e a Ação Libertadora Nacional (ALN). Foi preso novamente em 10 de abril de 1970 e encaminhado para o DOICODI/I Exército no Rio de Janeiro, onde passou por sessões de tortura e permaneceu preso até o dia 14 de junho. Joaquim Pires Cerveira estava na lista dos 40 presos políticos que foram trocados por Ehrenfried von Holleben, embaixador da Alemanha no Brasil. Assim, foi banido do país e seguiu com destino à Argélia. No exílio, manteve contato com a família e percorreu vários países até mudar-se para o Chile, onde foi constantemente monitorado. Com o golpe militar que depôs Salvador Allende, Joaquim Pires Cerveira – assim como João Batista Rita – refugiou-se na Argentina, onde ingressou com os codinomes de Walter de Souza e Moura Duarte. Segundo relato de Maria de Lourdes Pires Cerveira à CEMDP, ela conversou com o marido pela última vez em novembro de 1973, quando combinaram que a família se reuniria em Buenos Aires em janeiro de 1974, mas nas semanas seguintes ele já havia desaparecido. O anfitrião de Joaquim Cerveira em Buenos Aires, de sobrenome Rossi, conta que no dia 6 de dezembro de 1973, um dia após o sequestro de Joaquim, às 3 horas da madrugada, seis policiais argentinos que se identificaram como pertencentes à Polícia Federal realizaram uma busca na residência de Cerveira à procura de armas e documentos. Retornaram às 11 horas da manhã acompanhados de um homem “que parecia chefiar” o grupo e, pela descrição, poderia ser Sérgio Paranhos Fleury. Um relato descrito em mensagem secreta de número 43, de 26 de junho de 1974, pelo agente Alberto Conrado Avegno (“Altair”) confirma que Joaquim Pires Cerveira foi sequestrado. O agente afirma que um oficial de inteligência argentino, originalmente da Gendarmeria Nacional, que era seu contato e conhecia detalhes sobre o sequestro de Cerveira, como “quem atuou e as ligações da Polícia Federal [argentina] com a Embaixada Brasileira, assim como a ligação dessa Embaixada com a Polícia Federal [argentina]”. Joaquim Pires Cerveira foi registrado duas vezes nos arquivos da Dirección de Inteligencia de la Policía de la Provincia de Buenos Aires (DIPBA). Um registro foi feito com Referência nº 16355, “Joaquin Pires Cerveira”, em 4 de dezembro de 1973, um dia antes de seu desaparecimento. Em depoimento à CNV, o ex-delegado Cláudio Guerra afirmou que o delegado Sérgio Paranhos Fleury teria sido o responsável pelo sequestro de Cerveira em Buenos Aires e também por seu traslado para o Brasil – informação que Guerra teria obtido do próprio Fleury. Guerra afirmou ainda que o corpo do major Joaquim Pires Cerveira lhe foi entregue pelo coronel Freddie Perdigão no Destacamento de Operações de Informações (DOI), à rua Barão de Mesquita, Rio de Janeiro, para incineração na usina Cambahyba, no município de Campos de Goytacazes, no Rio de Janeiro.
Ano(s) de prisão
1968 | 1965 | 1970
Tempo total de encarceramento (aprox.)
2 meses
Cárceres
Saída do país
Banido
Assuntos: Eventos
Golpe de 1964 | Decreto do AI-1 | Golpe no Chile | Sequestro do embaixador alemão Von Helleben