Dados gerais
Nome completo
Antônio Benetazzo
Cronologia
1941-1972
Gênero
Masculino
Codinome
Joel | Joaquim
Perfil histórico
Mortos e desaparecidos políticos | Perseguidos políticos | Presos políticos
Profissão
Perfil de Atuação
Movimento estudantil | Movimentos sociais e populares | Organizações de esquerda | Partidos políticos
Assuntos: Organizações
Ação Libertadora Nacional | Dissidência Universitária de São Paulo | Movimento de Libertação Popular | Partido Comunista Brasileiro | União Nacional dos Estudantes | Centro Popular de Cultura
Biografia
Nascido em Verona, na Itália, Antônio Benetazzo foi filho de migrantes perseguidos em seu país pelo fascismo, chegando ao Brasil com 9 anos de idade. Durante a adolescência em Mogi das Cruzes (SP), no interior paulista, iniciou sua participação no movimento estudantil. Fez parte do Centro Popular de Cultura (CPC) e, em pouco tempo, foi eleito um dos dirigentes da União Nacional dos Estudantes (UNE). Em 1962, ingressou no Partido Comunista Brasileiro (PCB). Cursou, simultaneamente, Filosofia e Arquitetura na Universidade de São Paulo (USP), e tornou-se o presidente do Centro Acadêmico dos alunos de Filosofia. Em 1967, Antônio decidiu desligar-se do PCB e aderir à Dissidência de São Paulo (DISP). No ano seguinte, participou do 30º Congresso da UNE, em Ibiúna (SP), motivo pelo qual foi preso com cerca de 800 delegados e dirigentes do movimento estudantil. Em julho de 1969, já integrado à Ação Libertadora Nacional (ALN) passou a viver na clandestinidade. Como militante da ALN, viajou a Cuba para a realização de cursos de treinamentos políticos. Em Cuba, devido a divergências e rompimentos com a nova direção da organização depois da morte de Marighella, ajudou a organizar e, depois, integrou a direção nacional do Movimento de Libertação Popular (Molipo). Em 1971, Benetazzo retornou ao Brasil e trabalhou, entre outras atividades, como redator do jornal Imprensa Popular, órgão oficial de comunicação do Molipo. A versão divulgada por comunicado dos órgãos de segurança a respeito da morte de Antônio Benetazzo, informava que ele teria sido detido e, depois de conduzir os policiais para um suposto “ponto” na rua João Boemer, no Brás, teria se jogado sob as rodas de um caminhão, cometendo suicídio. Em documento do arquivo do antigo Departamento de Ordem Política e Social de São Paulo (DEOPS/SP), marcado como “secreto”, é confirmada a versão de suicídio, assim como os relatórios dos ministérios da Marinha e da Aeronáutica encaminhados ao ministro da Justiça Maurício Corrêa, em 1993. Passados mais de 40 anos, as investigações sobre esse caso revelaram, entretanto, que a versão divulgada à época não se sustenta. Investigações dos familiares de Benetazzo confirmaram que não teria ocorrido nenhum acidente na região naquele dia. De fato, conforme consta no requerimento de indenização da família à Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, sua prisão teria ocorrido no dia 28 de outubro de 1972, ao entrar na casa do operário e militante político Rubens Carlos Costa, na Vila Carrão, zona leste de São Paulo (SP), onde teria sido surpreendido com a presença de policiais que o levaram detido para a sede do Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna, DOI-CODI do II Exército, em São Paulo, onde permaneceu até ser morto sob tortura. Dois dias antes da sua morte se tornar conhecida publicamente, Benetazzo já havia sido enterrado sem identificação no Cemitério Dom Bosco, em Perus. Confirmando a versão dos órgãos da repressão, o laudo dos legistas relata a versão de morte por atropelamento no Exame Necroscópico. No entanto, em audiência sobre o caso, realizada pela Comissão da Verdade de Estado de São Paulo “Rubens Paiva” (CEV-SP) em 12 de agosto de 2013, a análise do mesmo laudo foi acusada de imprecisão, inclusive, de ausência de nomenclatura técnica adequada. Os médicos responsáveis por reanalisarem o exame apontaram que as lesões apresentadas no corpo não condiziam com a versão do atropelamento. Assim, ao avaliar fotos no arquivo do DEOPS/SP, identificou-se que alguns ferimentos foram ignorados no laudo da época da morte, a exemplo de um ferimento à bala que teria provocado lesões no rosto, o qual sugeria que a morte não teria sido provocada por atropelamento e sim por esse ferimento, causado por arma de fogo, que teria sido disparada, quando se encontrava encostada ao crânio. O corpo de Antônio Benetazzo teria sido enterrado sem identificação no Cemitério de Perus, no dia 31 de outubro de 1972, dois dias antes da divulgação da sua morte. Apesar de ter sido vítima de desaparecimento, posteriormente seus familiares conseguiram que seus restos mortais fossem trasladados.
Ano(s) de prisão
1972
Tempo total de encarceramento (aprox.)
4 dias
Cárceres
Assuntos: Eventos
Assuntos: Lugares
Sítio de Ibiúna | Cemitério Dom Bosco - Vala de Perus | DOI-Codi/SP | Universidade de São Paulo (USP)